8 de set. de 2010

ENTRE AS ORELHAS

Sabe aqueles dois pedaços de carne mole que te botaram na cabeça, um em cada lado? Estes mesmo! Aqueles que tem buracos onde tua mãe enfiava o cotonete. Aqueles negócios onde o bodegueiro descansa o lápis antes de passar na língua. Os animais nascem com elas penduradas abaixo das guampas, em nós as guampas podem nascer depois. Identificou agora?
Pois é, as orelhas. Eu sei que os homens só lembram delas quando dá coçeira e as mulheres na hora de colocar os brincos, mas vamos dar a devida importância afinal é por ali que entra mais da metade de nossos conhecimentos, nossa cultura, quer dizer são buracos de grande valia, incomensurável utilidade.
Muito bom, muito bonito, o problema se apresenta no depósito do que entra, no controle do estoque. Esse depósito é o entre orelhas, um espaço recheado de miolos e de tudo o que a gente deixou se instalar.
Neste lugar tem de tudo, doces e amargas lembranças, conhecimentos, as sacanagens e uns dispositivos que fazem o corpo se ouriçar, tem gente que sempre entra ali, para que? Para se ouriçar! No cantinho onde esta o conhecimento essa gente não entra, conhecimento não ouriça.
As vezes o conhecimento é exigido e sabe o que o sujeito faz? Ele coloca o dedo logo abaixo da orelha, olha para cima e diz; Deixe-me ver! Ver o que? O conhecimento fica entre as orelhas, embrenhado nos miolos, no escuro, vai ver o que?
O mal é que temos duas orelhas, um furo em cada uma e nenhum deles é saída. Deveria ser. Haveria uma filtragem, uma depuração, uma separação do que é bom e o que é ruim. Informação ruim teria saída. O mundo seria diferente, os arquivos imperfeitos não estariam disponíveis, não diríamos mais besteiras, eliminaríamos as gafes, seríamos perfeitos no convívio social.
Ah, direis, cada um faz sua depuração de acordo com sua índole. Pode ser mas, não acredito. Para se auto depurar temos que saber o que presta e o que não presta e para lembrar do não presta ninguem bota o dedo abaixo da orelha e diz deixe-me ver, todo mundo tem na ponta da língua.
Quem mais perdoa os pecadores mais tem pecados "entre as orelhas".

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