FUTURE LOVE


O AMOR DO FUTURO

      História ou estória não tem como a gente saber, pois se trata de uma aventura que vai acontecer, esta prevista para o ano de 2098. Eu a ouvi de uma tribo de índios Cheiroquis que veio estar comigo entre 15 e 18 de agosto de 1969 no Festival de Woodstock em Bethel (NY) logo após as primeiras baforadas que dei em um cigarrinho que pedi a Max Yasgur.  
     Naqueles dias eu vivia aquele lance de “Paz e Amor”, como eu já estava na maior paz queria saber se haveria amor no futuro, a resposta, bem... Hoje, 1998, eu a repasso na mesma forma que a recebi, coisa de índio. Tirem dela ensinamentos, conclusões e o que mais lhes convier.

A MISSÃO

     O futuro a Deus pertence, a Deus e ao famoso habitante do planeta Draivim, o detetive espacial Iron Father. Iron, nome que sua mãe lhe dera em homenagem ao caráter do homem com quem ela copulara nove meses antes de seu nascimento. Father, nome obtido por herança de seu pai, homem com quem sua mãe deveria ter copulado nove meses antes de seu nascimento.
     Iron Father riscava o vácuo em sua astronave adquirida de um paraguaio do planeta Terra. Pagara por ela dois Tempos, moeda de grande aceitação e equivalente a quase um Reaus (Cotação feita em Hong Kong pela Bolsa San Sô Naite). Junto com a astronave recebera duas caixas de cigarros Ritz. Como não era sua marca preferida precisava repassá-los antes de esgotado o prazo de validade.
    O tráfego estava intenso nas rotas do Universo, Iron, homem tranqüilo, mantinha velocidade de duzentos e vinte megalhões de Km/hora, neste andar lento, para evitar o sono ouvia em seu astrorádio um CD de Loved Batista com traduções de músicas natalinas. Sua preferida? Ré Pneu Yar. A nave era hermeticamente fechada, possuía a avançada tecnologia desenvolvida em 1996 pela Volkswagem a pedido de Itamar Franco para o relançamento do Fusca e o fato do som não se propagar no vácuo agradava aos demais viajantes.
     Repentinamente a réd laiguiti do espaçofone piscou. Era o comando. Iron retirou da boca a goma que mascava, colou-a em uma das antenas de seu capacete e atendeu ao chamado. Na espaçotela apareceram quatro dos sete rostos de sua chefa Veneziana do planeta Windows (fazia-lhe muita falta uma espaçotela de 42 polegadas).
     - Detetive Iron, siga imediatamente para a Espaçozona, houve um assassinato. A vítima é uma Plutaniana, 184 anos, cor verde água, altura 3,20 metros e profissão Espacegirl. Local do crime, Bar Xis a leide!
     E franzindo doze de suas catorze sobrancelhas, continuou;
     - Traga-me o assassino!
    Iron Father apontou sua nave para o local indicado e partiu carregando, além das caixas de Ritz um indisfarçável orgulho.

A VÍTIMA

     O local do crime, a Espaçozona situava-se a margem da principal via secundária intergaláctica integrante da malha espaçoviária privatizada no governo do terráqueo FHC, conhecida por Via Láctea da Nestlé. Bares, boates e casas de massagem proliferavam por ali. À noite o lugar era agitado pela presença de rufiões, prostitutas, traficantes e principalmente clientes vindos dos mais diversos planetas a cata de prazeres inimagináveis ou de um simples ósculo.
     Iron estacionou sua nave diante do Xis a leidi e após arrumar o penteado, alisar o macacão, empurrar dois Marcianos, chutar um Saturniano e beijar uma terráquea, entrou no antro.
     Lugar escuro, apenas ouvia os murmúrios dos freqüentadores. Num gesto firme apertou o primeiro botão ao seu alcance, a escuridão continuou, apertou o segundo botão ao seu alcance, a escuridão continuou, apertou o terceiro botão e a escuridão transformou-se em pequenas e brilhantes estrelas originadas pela porrada que levara. Ouviu então, uma voz rouca;
     - Tá pensando que meu casaco é piano?
     Iron reconheceu aquela voz, era de Asnold Shuazenegar, seu colega quase detetive.
     Asnold era um sujeito forte, terráqueo como Iron, tinha muitas qualidades e apenas um defeito, era completamente imbecil.
     - Asnold, é foçê?
     - Sou sim... Sou eu. Desculpe a porrada... Eu...
     - Foçê me pateu Asnold, foçê me pateu com vorça!
     - Mas Iron tu tava me arretando!
     - Que é icho Asnold, vais tempo que nós...
     - Eu não sabia que era você.
     - Tá bem, agora xerei que usar o Microhospitaletrônico, deixe-me ver. Aqui, programa dentistcha... Pronto dente no lugar!
     - Asnold apesar de imbecil sabia qual o botão para acender as luzes, freqüentador assíduo do lugar, assim que o acionou puderam ver a horripilante cena do crime.
     O Xis a Leidi era uma casa tipo Fast Foda, para clientes com ejaculação precoce e caracterizava-se por sua decoração temática, com paredes revestidas de fotos de antigos gênios como Walter Mercado, Mike Tison e Tiririca, no teto havia objetos que marcaram os avanços tecnológicos das raças do universo, ao centro um celular analógico, nas laterais tamancos e bambolês da Carla Perez entre outras coisas.
      Junto à pista de danças estava, estirado, o corpo enorme da vítima. Abaixo do terceiro seio havia um furo e dele escorria muito sangue azul calipso, esse sangue e sua pele de réptil denunciavam, era com certeza uma plutaniana, nascida e escolada na face escura de Plutão.
     Iron aproximou-se, examinou a vítima por algum tempo e após encarou o garçom;
     - Tem algo gelado?
     - Além dela?
     - idiota!
     - O vinho, esta na geladeira há duas horas!
     - Traga-me uma taça.
     - De vinho?
     - Não do... Vai para a p...!
     Agachado junto ao vinho, digo junto ao corpo, Iron chamou Asnold e com a ponta da caneta começou a cutucar a vítima, assustou-se ao tocar entre as pernas dela e ouvir uma música infernal. Encarou Asnold;
    - O que é isso Asnold?
    - Sei lá!
    - Retire, seja lá o que for!
    Os seres estavam imobilizados pela curiosidade. Utilizando-se de sua força descomunal, Asnold meteu a mão e começou a cavocar. A música continuava.
    Iron, com sua melhor cara de inteligente pegou a taça de vinho que o garçom lhe trouxera e encarou a platéia;
     - Seres! Embora meu assistente esteja em dificuldades com a profundidade de sua tarefa, eu já sei do que se trata!
    - ?????
    - É um cassete! 
    - Cassete????
     - Sim seres, um cassete, aparelho usado pelos antigos para gravações de musicas!
      - Ohhhh!
      Asnold, fazendo brilhar sua imbecilidade tascou;
     - Mas Iron, meu cacete não grava nada, não toca musiquinha!
     - Cala a boca Asnold! Ela sentou-se sobre a decoração desta espelunca e acabou, diga-mos, ingerindo o cassete.
      Enquanto Iron estarrecia os presentes com sua perspicácia Asnold começou a retirar o que de forma alguma parecia ser um cassete, eram uma guitarra e um guitarrista, uma bateria e um baterista, um contra baixo e um contrabaixista, um órgão eletrônico e um técnico em refrigeração. Parou, pois com a retirada do técnico o buraco ficara muito quente.
     Iron não podia aceitar aquela humilhação e encarando os extraídos indagou.
     - Cadê o cassete?
     Após um breve silêncio o baterista não se conteve;
     - Não tenho a menor idéia de quem é o senhor, mas podes crer, lá dentro não havia cacete nenhum, não no momento. Todos que entravam saiam, entravam e saiam, entravam e saiam...
     - Meu nome é Father, Iron Father e este é Asnold somos detetives e estamos aqui para investigar a morte desta caçapa!
    Após a apresentação, olhou para o garçom;
    - Isto esta uma merda!
    - Concordo é uma cena horrível e...
    - Tô falando do vinho!

O MOTIVO E OS SUSPEITOS

     Iron ordenara a evacuação da casa. Chamou o pessoal da perícia. Iron e Asnold assistiam a tudo instalados em confortáveis cadeiras num canto escuro do Xis a leidi. Iron acendeu um Ritz e soltava imensas baforadas fazendo pose de astuto. Asnold, imbecilizado ao máximo admirava seu herói e ouvia-o atentamente.
    - Asnold. Vamos procurar o motivo, assim chegaremos ao assassino.
    - Grande Iron, que incrível capacidade de memória, lembra ainda dos passos de uma investigação eu já havia esquecido ou faltei à aula da academia.
    - Pense Asnold, havia uma boate dentro da vitíma, ela estava roubando a clientela do Xis a Leide e quiça...
    - O que?
    - Quiça Asnold, quiça!
    - Entendi Pi...
    - Cala a boca Asnold! Roubando a clientela obtinha vantagens, não pagava alvará, ISQN, ICM, nem precisava PPCI. Tudo era lucro, retinha o lucro dentro dela, pura concorrência predatória, desleal. Isso acarretou a ira dos proprietários da Espaçozona.
    - Então quem matou a de cuja é o proprietário do Xis a Leidi, não iron eu o conheço é gente fina...
    - Claro que não foi ele, não mataria dentro do seu estabelecimento, isso não é bom para os negócios.
    - Iron, cada vez te admiro mais, que sabiência!
    - É sapiência, sapiência meu querido asno!
    - Iron! Esta querendo reatar... Meu querido...
    - Vai catar coquinho!
    - Puxa foi assim que começamos, lembra... Eu me abaixei para catar e você veio...
    - Esqueça Asnold!
    - Tchudchu bem!
    - Veja Asnold neste lugar temos mais de cem proprietários e todos são suspeitos.
    - Vamos investigá-los?
     - Assim que tivermos os resultados da perícia.
     - Iron, chegamos a pouco e já descobriste o motivo e os suspeitos você é o máximo.
     - Estou com o cérebro sempre limpo Asnold, uso cotonetes longos.
     - Agora vamos dormir, amanhã preciso vender alguns Ritz e aproveitamos para conversar com alguns suspeitos.

AS INVESTIGAÇÕES SEM A PERÍCIA
     
       Iron e asnold acordaram com o som estridente de seus fonolaserrelógiodepulso, era a chefa Veneziana do planeta Windows.
     - Bom dia senhores! Parecem bem, instalaram-se no mesmo hotel, mesmo quarto, mesma cama.
     - Vimos que assim poderíamos melhor conduzir as investigações.
     - Bem pensado Iron. Assim que pararem de conduzir-se um ao outro podem me dizer algo sobre o crime?
    - Pô chefa, esse negócio não é mais crime e... 
    - Estou falando do assassinato a Plutoniana, lembra?
    - Estamos na pista.
    - Mantenham-me informada.
    - Chefa! Por que mandou o Asnold como assistente neste caso?
    - Ele implorou.
    - Que amor... Quer dizer, tudo bem eu...
    - Saiam dessa cama e vão trabalhar!
    Iron desligou seu fonolaserrelógiodepulso aguardou Asnold desligar o seu e abraçou-o impelido por um sentimento confuso.
    Desceram ao hall do hotel. Entregaram o cartão magnético ao porteiro e ouviram sua observação.
    - A que horas os bofes voltam?
    Neste momento, Iron e Asnold sentiram que o poder a eles conferidos de detetive e quase detetive poderia se dissipar por sua fraqueza. Porque homens forjados a ferro e fogo, capacitados por duras provas não resistiam aos chamamentos da carne? A fibra estava numa caixa de sucrilhos? E a personalidade de aço, aquela bigorna que agüentava sem chorar as marretadas da vida?
     Entreolharam-se e uníssono desmunhecaram;
     - Sei lá Creusa!
     Com uma amostra dos cigarros Ritz chegaram à primeira casa aberta que encontraram. Foram atendidos por um pequeno ser, um marciano, muito parecido com um terráqueo a não ser é claro pelo tamanho, os chifres e o rabo que saía por uma abertura da calça. Para Iron estava claro que a figurinha não era carimbada, portanto não era o proprietário.
    - Quero falar com o dono! 
    - Eu sou o dono!
    - Não se faça de engraçadinho comigo, sou Iron father e esse é Asnold, detetive e quase detetive...
    - Que interessante o casal, Que chique!
   Iron irritou-se com aquilo, agarrou o pequeno ser pelos chifres e ergueu-o até que seus olhos ficassem próximos aos seus e tascou;
   - Parece que fofocas voam por aqui!
   - Mais rápidas que libélulas.
   Asnold deu uma porrada no abdômen do dependente vertical que, começou a vomitar esparramando pelo chão duas mascaras da mulher melancia e uma cópia da autópsia do corpo do PC Farias assinada por Badan Palhares. 
    Iron ao ver aquelas bugigangas espalhadas pelo chão sentenciou;
    - Vamos Asnold.
     Partiram para o próximo covil de pecados, no caminho Asnold perguntou-lhe intrigado;
     - Iron, ele não é suspeito?
     - Mascara da mulher melancia, autópsia feita pelo Badan, o sujeito é alienado, não tem nem idéia do que se passa.
     Na próxima birosca foram atendidos por uma humana de grandes predicados físicos e de indisfarçável tendência ao entreguismo. Iron teve o corpo percorrido por um arrepio de luxúria, Asnold teve o corpo percorrido por um arrepio de ciúmes.
     Com um vestido vermelho púrpura, com uma abertura lateral que deixava á mostra toda a coxa e um decote generosíssimo ela aproximou-se e numa voz rouca falou quebrando o torpor de Iron;
      - O que querem os meninos?
      - Ne... Ne... Nem sei, sei lá, mil coisas!
      - Fofinho é gago. Sabe eu Go... Go... Gosto de gagos. Já curei seis!
      Asnold, apodrecido de ciúmes resolveu intervir.
     - Ele não é gago minha senhora!  
     - Hum, e o outro é bruto! O gago e o bruto, qual dos dois é o puto?
     Iron, mais recomposto fez a lenga lenga das apresentações e a moça, espantada ao saber que eram detetives e  quase detetives mostrou uma seriedade de arrefecer qualquer tesão, mas não a de Iron que estava com o profissionalismo em baixa e entregou-se aos ditames de sua libido;
    - Uats iour neime beibe?
    - Ih! Qualé?
    - Desculpe! Sou bilingue e sua beleza…
    - Bilingue? Ótimo, tenho dois buracos.
    - Então fomos feitos um para o outro!
   Asnold já estava roxo.
    - Iron, nós estamos aqui para que? Procurar suspeitos ou predicados de prostitutas?
    - Tens razão Asnold. Senhorita existe algum lugar onde possamos conversar a sós?
    A terráquea conduziu-o a um aposento nos fundos da birosca. Asnold tentou acompanhá-los e acabou com a cara estatelada na porta.
     Duas horas e alguns minutos passados Iron voltou, caminhava lento, quase se arrastando.
     - Então Iron, ela é suspeita?
     - Não!
     - Claro! Você se apaixonou e...
     - Ela não é suspeita, vive fora da realidade...
     - Ela acredita em gnomos?
     - Não Asnold, ela é falsa... Não é ela!
     - Como assim... Ela falou que tinha dois buracos e...
     - E tem, um você sabe onde e o outro no meio da cabeça do... Você sabe o que!
     - É por isso que caminhas assim?
      A terceira casa chamava-se Burziguim e o proprietário era um Uraniano alto, preto como breu. Suas mãos encostavam-se ao chão. Iron pensou, se o dito popular é verdadeiro imagina o tamanho do elemento que escondia sob aquelas calças de skicouro Pink floid. 
      Após as apresentações, Iron fez as primeiras perguntas e o Uraniano indignou-se.
     - Qual é a de ustedes?
     Ele tinha um leve sotaque espanhol obtido nos anos que trabalhou como personal trainer de Evita Peron que, aliás, antes de conhecê-lo chamava-se Evita Perinha.
     - Quierem levar uma rola?
     Asnold respondeu de sobressalto;
     - Não, ele já levou... Não é Iron?
     - Asnold, mais uma dessas e eu te demito! 
     Asnold recolheu-se a sua insignificância e resmungou;
     - Chefe é chefe!
     As perguntas de praxe foram feitas com o maior cuidado para evitar a ura do iraniano, digo a ira do uraniano. Ao saírem do Burziguim Iron confidenciou a Asnold que o uraniano era suspeito, motivo; Era esperto, não acreditava no Barrichello e principalmente sabia que Planeta Hemp não era um planeta e sim uma empresa do agro busines que plantava Gabeiras.
     No final do dia o detetive e o quase detetive estavam exaustos. No hotel o porteiro entregou-lhes o cartão magnético e junto uma videolaparoscofita que lhes fora enviada.
    - Quem mandou?
    Perguntou Iron ao porteiro.
    - Não sei, deixaram aqui e depois ligaram pedindo que entregasse aos bofes.
    No apartamento, colocaram a videolaparoscofita no videolaparoscópio. Era uma imagem estanque, uma frase; Alguém vai bater na porta só atendam se ouvirem a senha.
    A noitada de amor havia recém iniciado quando ouviram as esperadas batidas na porta. Iron, imediatamente aproximou-se, encostou o ouvido na porta e solicitou a senha.
   - Avon chama!
   - Pode repetir, por favor?
   - Avon chama!
   - Não ouvi, pode...
   - Avon se fud...
   Iron abriu a porta e recebeu da camareira um envelope. Dentro dele estava o resultado da perícia. Uma só folha, sem timbre.
   - Leia para mim Iron?
   - “Querido Iron, onde quer que se encontre não se esqueça de mim, mamãe! PS. Cuidado com as más companhias”.
   - O que significa Iron?
   - É óbvio Asnold basta observarmos as entrelinhas.
   - Que entrelinhas só têm uma linha e...
   - Enviaram a perícia para minha casa, mamãe jogou-a no lixo, aproveitou o envelope e mandou-me esse recado.
   - Espetacular Iron, que perspicácia, que...
   - Cala a boca Asnold!
   Ficou estabelecido que a perícia não ajudaria em nada, a não ser é claro a pular uma etapa da investigação.  

A RELAÇÃO DOS SUSPEITOS

     Pela manhã, Iron e Asnold acordaram com o toque do fonosolado de um de seus sapatos, era a chefa ligando do planeta Windows. Ainda sonolento Asnold atendeu.
    - Alo! Quem fala?
    - Quem mais tem esse número? 
    - Pô, chefa eu...
    - Como estão as investigações?
    - Tudo bem, chefa, visitamos as casas suspeitas e, interessante aqui só tem casas suspeitas...
    - Grande Asnold!
    - Temos uma lista de suspeitos, deixa eu ver... Hum... Hum... Tem o uraniano, tem o... Tem a... Não essa é a que comeu o Iron... Depois tem o... Mais ou menos uns seis ou sete!
    Ouvindo o maravilhoso relatório de Asnold, Iron pegou o fonosolado.
    - Alo chefa! Temos seis suspeitos e uma videolarofita e o resultado da perícia que muito nos serviu.
    - Quando terei algum resultado?
    - Breve, brevinho mesmo!
    Iron virou-se para Asnold que, ato contínuo cobriu as partes com ambas as mãos temendo seu olhar afiado.
     Na banheira, Iron soltando longas baforadas de Ritz remoeu seus pensamentos e concluiu que uma reunião de suspeitos seria um caminho direto para se chegar ao assassino, mas como reuni-los. A idéia veio de Asnold, uma idéia fornecida sem querer é claro.
    Asnold estava ainda aborrecido com a brutalidade de Iron e resmungou;
    - Iron, saia já dessa banheira com você ai não posso entrar, quer dizer não quero entrar!
    - Tá magoado? Estava me entregando para chefa. Quer promoção, vai ao programa do Jatinho!
    - Bobado, tudo tu, tudo tu, tudo tu e eu... Ô ganância!
    - Ganância, é isso, os suspeitos são todos gananciosos e o mais ganancioso é o assassino. Vamos atraí-los pela ganância.
   - E o que vamos oferecer?
   - Marijuana...
   - Quem é essa Iron, pensei que só tinha olhos para mim!
   - Primeiro Asnold não é quem é o que, segundo eu não tenho olhos só para você... Até por que essa tua bunda tá meia caidaça!
  - E o que é heim... Heim... Heim! 
  - Erva, erva da boa a baixo custo. Vamos desmanchar esse Ritz, embrulhar e oferecer a eles.
  - Puxa Iron você é brilhante!
  - Que é isso Asnold, é a espuma de banho que... Ora vai a merda!
  - Magoei!
  - É o seguinte, vamos anunciar Marijuana originaria de Ursa Maior a preço de banana.
  - Porque Ursa maior?
  - Sei lá, parece coisa de mãezona.
Começaram a elaborar a lista de convidados, quer dizer suspeitos para a reunião. Havia o uraniano, preto, forte, esperto e cuiudo proprietário do Burziguim. Havia o Alfacentauro proprietário da carrocinha Pipo o Corn sempre estacionada em frente ao Xis a Leidi, havia o cruzeirense, natural do Cruzeiro do Sul, planeta derrubado pelas forças de FHC e transformado em Reaus do Sul, havia o Tosco, natural da Toscana, uma tosca nas montanhas do Afeganistão muito chegado a Al Caeda, portanto mau, muito mau e o proprietário da Casa de strip invertido onde as mulheres entravam nuas e vestiam-se perante a platéia que chegava já gozada.
    - Vamos ver, o uraniano, o alfacentauro, o cruzeirense, o tosco, o invertido e a humana do...
    - O que você disse que eram seis, a humana não é suspeita!
    - Bem, não custa convidar vai que role alguma coisa, sei lá...
    - Gamou!

O LEILÃO

     Asnold passou o dia no hotel desmanchando cigarros, conseguira 27 sacos de 20 quilos de fumo. Iron saíra às voltas com os convites, retornou caminhando de pernas abertas, sorte ter visitado a humana por último.
     À noite, os suspeitos foram até o hotel. Sentaram-se para iniciar os negócios, Iron sentou-se de ladinho e começou com uma indagação;
    - Seres, todos são sabedores do assassinato da prostituta plutoniana no Xis a Leidi.
    O primeiro a se manifestar foi o uraniano.
   - Qual é, vamos negociar ou falar da morte de uma vagaba?
   - Você não gostava dela, não se importaria em matá-la!
   - Com um tiro, nem pensar eu a mataria com meu veneno, sabe como somos radioativos quando queremos.
   Iron concordou com ele e dirigiu-se ao Alfacentauro.
   - E você Alfa, posso chamá-lo assim?
   - Não estou gostando desse papo, por que eu mataria uma cliente. Todas as prostitutas são minhas clientes. Acha que eu vendo só espacepocas? 
    O Alfacentauro escapara maravilhosamente bem da lista de suspeitos de Iron.
     - E você meu caro Cruzeirense?
     - Já fui caro, com o surgimento do Reaus to no maior barato! Eu não mataria ninguém, todo o ser é importante para mim... Eu já fui importante!
     Iron descartou o Cruzeirense, era humilde demais, estava em depressão.
     - E você Mercuriano, não o vi chorar no enterro, aliás, diga-me por que compareceu ao enterro? 
    - Sempre a admirei, sempre a vi com bons olhos, meus cinco bons olhos. Minha especialidade é ver as coisas com bons olhos. 
    - Então já a vira roubando as coisas do Xis a Leidi?
    - Sim!
    - Então viu seu assassinato?
    - Não, sempre chego atrasado aos lugares, sabe como é uso lentes de contato e colocar cinco... 
    - Tudo bem você não é suspeito!
    Iron encarou o Tosco.
    - Você, por que a matou?
    - Eu? Matar? Sou um cara tosco, desajeitado filho de Toscana, terra de bona gente, eu...
    - Tá, tá, tá! Pode parar com a ladainha, estou convencido.
    Era a vez do cara do strip invertido.
    - Fala, qual é teu álibi, explicação ou sei lá o que?
    - Esta vendo minha mão, não tem dedos tem ventosas, como eu puxaria um gatilho?
    - Bem pensado!
    No alto de sua empolgação Iron ordenou.
    - Seres, dividam este fumo em seis partes, paguem por ele e sumam daqui!
    Asnold estranhou e não se conteve.
    - A humana não vai levar fumo?
    - Não e não vai sair!
    Apesar dos protestos, murmúrios e insultos que correram soltos os seres pegaram suas cotas de fumo e retiraram-se.
    
O ASSASSINO

     Estavam agora no apartamento, Iron, Asnold e a/o humana. O silêncio pairava absoluto no ar. Momento de pura tensão. 
     - Muito bem Asnold, a casa caiu, encoste-se à parede, abras as pernas e comece a falar!
     - Iron esta suspeitando de mim?
     - Não, afirmando!
     - Co... Como descobriu Iron?
     - Primeiro Asnold, sendo você um quase detetive sempre presente no Xis a Leidi, quem se atreveria a cometer um crime lá? Segundo, lembra das entrelinhas da perícia; “... E cuidado com as más companhias”? Pois é mamãe sabe tudo! 
    -  Iron... Iron eu não sei o que dizer eu...
    - Então me diga qual o motivo!
    - Amor! Criei um caso e supliquei a chefa para trabalhar contigo... Amor Iron... Amor isso não lhe diz nada?
    Iron agarrou a humana/humano e começou a beijá-la/beijá-lo. Asnold rastejando, agarrou-se aos pés de iron gritando;
    - Eu te amo, eu te amo!
Neste momento, no fonorádio do apartamento ouviu-se a voz maravilhosa de Odair Joe cantando Mailóvisiu.

      Não posso afirmar, mas pelo jeitão do caminhar da humanidade acho que o amor do futuro e vai ser assim, sem nexo e com qualquer sexo! 
     Indiada esperta...