21 de out. de 2010

MANSO

O cara era um boêmio convicto, em inglês eideisuíque. Madrugada, barzinho, violão, amigos notívagos, vida desregrada, uma beleza. A tarde, quando a vontade pegava, fechava as janelas do escritório e servia a bebida, dali em diante não parava mais até ser arrastado para casa, onde estivesse.
Boêmio de amizades, conversas sem fundamento e muita música. As mulheres deixava apenas seu agrado, pagava bebidas a todas que sentassem em sua mesa, as mais novas e belas, vinho ou whisky e muitas vezes músicas de seu imenso e tosco repertório. As decaídas, velhas que insistiam naquela vida, merthiolate ou mercúrio e muitas vezes seus conselhos sobre os diversos males que as estavam a perseguir. As gordas lhe agradava vê-las ali, em lugar de penumbra pois logo estariam vendo a luz. As magras ele as tinha como Juncos da lagoa, curvando-se açoitadas pelo vento porem sem esmorecer. 
Pensador, filósofo sem estudo e por vontade da bebida tinha lá suas manias e naturalmente teorias. conhecia a todos no bar. Botão, um sujeito que morava em uma casa sem pagar o aluguel, era seu melhor companheiro levou-o num final de noite a sua morada e se deu a fatalidade. A irmã de Botão estava lá, vinda do interior.
Ela estava lá, linda, exuberante, recheada e expirando charme. O boêmio apaixonou-se. Passaram-se dois meses e casou-se com ela.
Sumiu, nunca mais foi visto na noite. Nunca mais, bebidas, violão, conversa com amigos e meretrizes. Acordava cedo, vestia-se bem e até trabalhava em um pequeno escritório de contabilidade. Um dia foi chamado pelo chefe que lhe pediu para visitar um possível novo cliente, dono de um bar. Negou-se  alegando que sua esposa não o deixaria ir a um bar. O chefe compreendeu a situação e chamou outro para a tarefa, e sussurrou para si mesmo; Casa-se o mar e ele fica manso!   

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