2 de abr. de 2011

MEU HOMEM

Sentada em frente ao escrivão ela falou;
- Tá me entendendo era meu, tá legal? Meu homem. Macho, macho, macho trêis vêis macho. Não tinha nem de frente nem de ré, era meu se arrastava aos meus pé! Truche ele para mim com as própria peripécia. Gramei pelo desgraçado!
Fui no armazém busca Arkasester e bicarbonati prá patroa, probrema de gas. Ele tava lá tomando umazinha e eu taquei o olho nele. Amor a permera vista. Empipocou minha pel, ele se arreganhou todo e preguntou o que eu fazia ali. Fiquei vermeia, puxei o ar prá da aquela froxura e dispois respondi que estava a servicio. Quase desmaiei quando ele disse que bonecra não devia trabaiá, só enfeitá prateleira. Até esqueci o que tinha ido buscá, só me alembrei quando cheguei em casa e senti o fedor em volta da patroa.
Vortei ao armazém tremelica de vergonha e carregada de ânsior. Ele não tava mais lá. Pedi informação e o bodegueiro me disse que o nome dele era Arcadio, era operário de obra, auxiliar de servente. Tava trabalhando numa reforma ali pertinho.
Não consegui mais tirar o Arcadio da cabeça, se enfiou nos meus miolos que nem bicho em gaiaba. Eu nem devia fala, trêis dias depois me mijei toda quando tava preparando o armoço e deu na radio, no programa do Marcio Mauro que Arcadio dedicava uma página romântica para a bonecra que conheceu no armazém. Fiquei de pernas frôxa e carne tremida quando começou a tocar Menina Veneno, não segurei. Depois disso cada veiz que eu ouvia o Riti me mijava toda.
Comecei a arrumá descurpa prá ir ao armazém todo dia e sempre que ele tava lá nóis se olhava, se examinava, só faltava corage prá se chegá e óia que eu se fresquiava, dava abertura, si insinuava.
Numa sexta-feira, eu tava a fins de diversão e ele resolveu abordá. Aceitei na hora o convite pro bailão. Ele me pegô em casa, chegamo já de mãozinha.
Dançamo, não deixei ele apertá prá que pegasse respeito. Não segurei os ímpeto e ele não pegou respeito, logo nóis arfava de amor. Grudamo um no outro. Arcadio era forte e me puxava, eu me fazia de fraca e deixava. Si esprimi toda contra ele.
quando botaram a música do Riti e ele beiçou meu pescoço não deu outra, mijei de moiá os sapatos.
Os tempo foram passando e meu amor por ele parecia ter fermento. Nóis se encontrava todos os dias no portão da casa que eu trabaiava. Nóis namorava, nóis beijava, nóis aparpava e até nóis se comia.
Trêis mêis dispois a obra que ele trabaiáva terminou. Os operário foram tudo embora, incrusive Arcadio. Ele fugiu de mim!
Fiquei fula. além do disgramado minha menstruação também tinha desaparecido.
Minha vida mudou, virei um istrupício a cata de Arcadio. Sai pelo mundo a indagá. Sabe como achei ele? Indo de obra em obra. Agora qué sabê porque matei ele? Por que quando vi o fiadamãe, justamente naquela hora me veio a cabeça a nossa música e achei que o Riti tinha razão. O mundo era pequeno demais prá nóis dois!

Marconi 20/02/2002

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