7 de fev. de 2010

DETETIVE ASSASSINO

Meu escritório estava na penumbra , a luz fugira em busca de espaço. Com minha prodigiosa mente voltada para a aposentadoria eu cantarolava a música do chocolate; eu quero agora um lugar tódinho meu, quero uma ... Fui abruptamente interrompido pelo ranger da porta. Sem levantar os olhos disparei; Entre e feche a porta! Este tipo de atitude dava-me um ar de mau, mas só por fora, por dentro eu ria de minha prepotência pensando comigo mesmo. Uau, como sou Béd!
A voz doce que ecoou pelo escritório dizendo-me boa tarde vinha de uma boca tão bela que não consegui me ater ao angelical rosto que a continha, nem no par de seios querendo saltar do decote ou mesmo nas gostosas coxas à mostra. Não observei a cinturinha fina e os largos quadris, não me ative a suas costas de pele lisa e muito menos a seu traseiro rebitado.
As roupas de griffe que embrulhavam aquele belo pacote davam-me a certeza de tratar-se de uma dama. Tentei pensar com meus botões qual o motivo dela estar ali, não os encontrei. Sem outra alternativa pensei com meu zíper e concluí; Ela precisa dos meus serviços. Logo após retirar um petelho que estava preso ao meu companheiro de raciocínio encarei-a; Que queres?
A voz maviosa e quente entrou em meus ouvidos derretendo a espessa camada de cera; Meu amante morreu de mim!
Fiquei atônito, sem mesmo saber o que isso quer dizer, eu fiquei. Após breve parada em seus seios, meus olhos subiram e fitaram os dela, eram lindos tinham a cor do pessêgo, os seios não os olhos, estes eram verdes como esmeraldas. Não perdi muito tempo navegando em suas íris, fui rápido; Morreu de ti?
Antes que a deusa respondesse, educadamente ofereci-lhe uma bebida, ela aceitou. Eu não tinha. Desculpei-me. Joguei meu corpo para trás, precisava recuperar minha imponência, estatelei-me no chão. Levantei-me com uma das mãos nas costelas e outra agarrada ao espaldar quebrado da cadeira e para não perder a pose falei; Só levanta quem cai!
Notei no seu largo sorriso a boa impressão que minha frase causara. Aproveitei o momento em que ela fora apresentada a minha mente superior; Explique-me, como seu amante morreu de ti?
Quase gritando respondeu; Morreu de mim, excesso de mim! Quando nos encontramos pela primeira vez fomos comedidos, com o passar do tempo não comedimos mais nada, ele apaixonou-se.
Interrompi sua alucinada explanação; Começaram a encontrar-se todos os dias?
Ainda gritando; Não, não só de dia, ele comedia e comia de noite também, as vezes até de madrugada... Chegou a exaustão, sucumbiu, capotou, morreu de mim, tá entendendo?
Tentando acalma-la novamente lhe ofereci uma bebida. Ela aceitou. Eu não tinha. Dei-lhe meu lenço, ela esfregou-o nos olhos deixando-os azuis. Pensei comigo mesmo que nunca mais deveria deixar minha Bic no mesmo bolso do lenço. Dei duas voltas na mesa e parei diante dela; Morreu em seus braços? A resposta veio imediatamente; Nos braços, pernas, ventre, seios...
Com as mãos na cabeça implorei; Para, para senão eu...
O silêncio reinou por algum tempo, o tempo necessário para meu cérebro se localizar. Chacoalhei a cabeça, constatei que estava tudo no lugar; Então ele morreu em você? Qual o problema, por que não chamou a polícia? O hospital? Qualquer coisa? Você simplesmente deu de ombros ao vê-lo morto?
Ela mostrou-se irada; Claro que não, eu nem sabia que podia se dar de ombros! Imagina só se ele morreu com o que eu dei, se eu lhe desse de ombros acho que explodia!
Embora me seja muito difícil fiz cara de desentendido. Comecei a matutar seguindo os passos da escola que cursara, a escola da vida. Primeiro perguntei-lhe se tinha grana, positivo. Depois onde estava o corpo e fui informado que estava no apartamento dele. Após pedi-lhe poucos minutos para pensar e um cheque de muitos dólares. Recebi o cheque e esqueci os minutos. mandei-a para casa e com as chaves que me dera dirigi-me ao apartamento do ex-comedido falecido.
No apartamento, no quarto, sob a cama jazia o corpo peludo, ao lado em uma mesinha uma garrafa de vinho pela metade para a qual olhei com olhos de quem fugira dos AA. Tentei afastar-me da garrafa, não consegui, sorvi o néctar com muita vontade. Encarei o corpo, precisava apagar as pistas.
Em volta da cama recolhi, seis camisinhas usadas, um OB, dezoito fios de cabelo que poderiam ser dela e doze pentelhos que eram dela. Sobre a mesa, um par de algemas, dois consolos tamanho médio e um pote de gel lubrificante marca Moreman. Recolhi os objetos e os atirei pela janela, na lixeira do prédio.
Espertamente, como me é peculiar, comecei a apagar as pistas do corpo. As marcas de batom que estavam no rosto, no peito, na barriga, no... Em todos os lugares. Sem muita coragem de encarar, segurei o membro flácido e limpei-o com uma cueca que encontrara. Tudo pronto pensei, agora ligo para a polícia e me mando. Dito e feito.
Uma hora depois meu escritório é invadido por dois policiais, um deles veio direto a mim e quando pensei que ia me beijar, cheirou minha boca; Vinho! Depois cheirou minha mão; Porra!
O outro policial gritou: Entre! Um velho fedorento vestido de lixeiro, com duas camisinhas coladas na testa e um pênis de borracha, tamanho médio, em uma das mãos entrou na sala.
É ele!
Um dos policiais me algemou; Você esta preso pelo assassinato de seu amante!

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