26 de mar. de 2010

ESQUEÇE O B.O.

Na DP, tudo nos conforme, na sala do plantão um sofá onde as pulgas escorregavam sobre o tecido seboso (Couch Surf), duas mesas velhas, não antigas, velhas, madeira ruim, cupins haviam morrido de diarréia. Nas cadeiras atrás das mesas o escrivão, um rapaz novo recém aprovado em concurso, pedrinha não lapidada mas de uma empáfia que só vendo e o Delegado, cinquentão, gordo, homem de carreira, pedra gasta na malandragem porém de pouca cultura e disto tirava partido o jovem escrivão a fim de tripudiá-lo.
Quando entraram no recinto alguns brigadianos arrastando pelo cangote dois elementos o escrivãozinho parou a arrumação de seus papéis e o delegado retirou os pés de cima da mesa, pigarreou, coçou o peito, escarrou atigindo um rato que passava e encarou os visitantes esperando pelo pronunciamento.
- Capturamos os elementos, após grande perseguição e corajosa intervenção dos soldados do grupamento...
Neste ponto o delegado interrompeu;
- Podem parar com essa merda e dá logo o relatório?
Contrariado que nem guri em missa o brigadiano prosseguiu;
- Os elementos foram presos em flagrante delito, estrupo seu delegado!
- Puta que os pariu! Então as figurinha gostam de agasalhá o bixo com roupa roubada?
Sorriu matreiro, encarou o escrivão e tascou;
- Joinha, põe papel na máquina e anota a falação!
Encarou os malandros;
- Vamô dando as fichas, os nomes?
Os acusados eram dois crioulos tímidos, demoraram a se pronúnciar;
- Eu sou o Antonio e ele é o José, semo irmão.
- Sobrenome das peças?
- Souto.
- Agora tão presos!
O delegado virou-se para o escrivão a tempo de vê-lo destrancando o dedo que enfiara entre as teclas da máquina. Depois dirigiu o olhar aos brigadianos e pensou, crasse inferior e após voltou o olhar ao ponto de partida, os cumedor de genitália teimosa.
- Tá bom! Vão contando os fato, quero a história toda carregadinha de verdade.
Jogando o corpo para frente, aliviando umas seis pulgas que haviam ficado prensadas contra o encosto do sofá iniciou o relatório;
- Seguinte digníssimo, nóis saímos de casa pensando em dá uns caldinho no ganso. Semô operário, gente boa, temo direito de diversão. Botemo essas roupas bacana com os vale da obra, não robêmo.
O delegado interrompe e fala enquanto coça o saco;
- Jóinha, aprende com os que sabe, isto que ele falou é verdade, como sei? Quem neste puta mundo ia ter umas roupas destas para eles roubarem? Quem tem não bota em varal para os vizinhos verem. Prossegue ô esculhambado!
- Pois é doutor, saímo assim, na malhor, encarando as mina jogando os zóios nelas tá entendendo?
- Tô estrupício!
- Tava difícil doutor, nóis se fresquiando e as pombas nem prá nóis até que vimo ela doutor, na esquina, linda, coisa de filme, tipo namorada do Rambo, cheinha de predicados, a roupa colada no corpo. A saia, saia nada digníssimo, era um paninho só os coxão tudo de fora, por trá dava prá vê as meia lua da bunda. A blusa era colada no monumento, tinha um decote, uma cava que amostrava o vão das teta e que tetas, tamanho certo prá enche as mãos, os bicos quase furavam a blusa. Quando ela caminhava as bunda balançavam, os tetos dançavam e nóis tremia...
- Querem parar com as pornografia? O escrivão é homem de respeito e os brigadiano já tão de protuberância nas calças!
- Pois é doutor, dei toque pro meu irmão, convidei prá encará e fomo. combinei com ele, vâmo bancá os importante, que somo gente de crasse, tâmo com o carro na revisão, escolher um sobrenome crassudo sabe como é, nome de rua, praça... Abordêmo e se apresentêmo, eu era José Perimetral e meu irmão Antônio Marginal Tiete. A moça nos deu trela. Tinha que senti o perfume dela doutor, enchia os furo do nariz da gente subia prá cabeça e tonteava as mente, fazia a gente só pensar em amor. Apaixonei de sopetão! O antônio só gemia, não tirava as mãos do bolso. Aí, delegado, depois que larguei toda minha experiência em forma de verbo ela simplesmente se entregou para nóis. Piscou o olho esquerdo, me lembro direitinho porque o cílio tava caído, e nos convidou para chegá até a casa dela.. Sí fomo!
O delegado encarou os brigadianos;
- Porra, vocês invadiram a casa prá prender esses caras?
- Deixa eu continuar. Bom...entrêmo na casa, coisa fina, sentemo na sala. Ficâmo tonto quando ela começou a tirar as pouca roupas. Eu que já babava se arretei todo. Sabe doutor aquela calcinhas fio dental? Aquelas que entra na bunda? Ela tava com uma e limpa, sem marca marrom de roçacú. Quando tirou o sutiã não me contive, aqueles bicos me olhando, um meio tortinho, ou as teta ou eu um dos dois tava vesgo, se atirei prá cima. Fizêmo na sala mesmo. Si fui de vez. Despois foi mermão, era prá eu tá até enojado mas não é que me enpinei de novo só oiando de tão boa que era a moça! Depois tomâmo uma cerveja geladinha que ela nos deu e fômo saíndo. No portão, tava nos despedindo da moça quando foi passando o carro dos brigadiano. A moça parece que teve um troço, saiu correndo prá dentro de casa. Nóis levemo voz de prisão.
O delegado meio pasmo;
- Vocês tão querendo me ingrupir com uma história destas? Pode pará de escrever ai ô Jóinha, eles vão ter que abrir outra. Alguma mulher do tipo que ele descreveu ia querer tapar a racha com uns rejeitos desses?
O acusado orador, levantou-se e entregou ao delegado um pequeno papel;
- Seu delegado, doutor digníssimo, ela até nos deu esse bilhete com nome e telefone dela! Inda nos recomendô hora prá ligá!
O delegado leu o bilhete, colocou-o no bolso e encarou os brigadianos. dispensou-os aos gritos. Depois encarou os acusados e os mandou embora pedindo desculpas e recomendando cuidado. Após calmamente virou-se para o escrivãozinho;
- Jóinha, tira o papel da máquina e joga no lixo.
Indignado o concursado berra;
- Como? O senhor não vai investigar, tirar a limpo? Vou denunciá-lo a...
- Cala a boca Jóinha ! Hoje tu tá dispensado, se eu precisar te ligo...Tô com o número aqui no meu bolso!

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