28 de set. de 2011

ANOS SESSENTA - 03


    Estranhos esses anos sessenta, jovens “pudicas” exibiam-se em traje de banho para serem eleitas misses, já os homens eram admirados pelo tamanho do rabo de peixe dos seus carros, tinham carros vermelhos e só na areia sabiam trabalhar, cabelos na testa, eram os donos da festa.
     Estas festas, aniversários de quinze anos de alguma moçoila, florzinha pura que seria (Era para isto a festa?) jogada a fúria dos topetudos. A coisa toda se dava após o “bolo vivo”. Ela, a festejada, com a cara de lua cheia, vestida de noiva sem véu trocava languidos olhares com algum rapaz, espinhento, metido numa camisa de gola altíssima, calça boca de sino e sapatos com uma enorme fivela cromada. A dança vinha a seguir, as meninas animavam o jovem acuado a “tirar” a aniversariante para que rodopiassem ao som de uma valsa. Depois do constrangedor ato vinha a música moderna. Coisa também embaraçosa por que a menina começa a remexer-se diante do espinhento e ele não sabe nem remexer-se e muito menos o que fazer com as mãos. 
      As festas não eram feitas só de frescuras, enquanto o espinhento rendia-se aos encantos da debutante em algum canto da casa outros jovens falavam de política e ditadura. Naquele canto não era permitida a inanição, urgia uma tomada de atitude; Está fechando as associações estudantis, o governo esta querendo fazer um acordo entre o MEC e a USAID, coisa sem cabimento, unanimidade. Precisamos reagir, fazer passeata. As faixas e bandeiras já estão prontas, o pessoal do PC conseguiu alguma coisa através do Uruguai. Vai quem tem fibra o negócio vai feder.
      Fedia mesmo, na hora do pega para capar metade se cagava. 
      A tal de ditadura vigorou incólume em nosso país durante os anos sessenta. Nesse tempo muitos espinhentos rebentaram florzinhas, tantas que a virgindade passou a ser desconsiderada como parâmetro de moralidade. Depois de algumas passeatas e safanões os jovens resolveram largar de mão essa tal de MEC e USAID e reconhecer as qualidades dos prazeres carnais, era a chegada triunfal da tal liberdade sexual.
      Tempo em que os rapazes e moças queriam a calça Lee que, ao ser usada pela primeira vez   desfiava as calcinhas delas e assava o saco deles, aliás calcinhas úmidas e sacos sacrificados pelas músicas do Roberto Carlos.
      Uma tolice a se destacar eram os rapazes roubando esguichos de fusca para pendurar no pescoço enquanto suas namoradas penduravam-se no pescoço de outros rapazes. A tal liberdade! 
      Surgiram umas geniais mulheres que resolveram tirar o sutiã e lutar pela igualdade com os homens. Assim como a geração anterior esqueceu de seus jovens com sua empatia ( Viu guri! ), nós esquecemos delas... E ai meu caro é outra história a ser contada

Um comentário:

  1. Li e gostei bastante Marconi, principalmente os dois últimos parágrafos da Parte 3. Surge aí um
    bom assunto para outra conversa não é mesmo caro
    amigo? Parabéns! The Guardiola de Palmas TO

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