6 de ago. de 2011

TÁ LIGADO?


    Em Brasília dezenove horas! Tem alguma coisa nesta Voz do Brasil que não percebemos algo que nossa sapiência não atinge. Um que, aquele detalhe ínfimo que passa por nós sem tocar, assim de raspão, que nem salário. Há quantos anos essa voz esta no ar e a gente nem lembra que ela existe. Alguém já marcou um encontro, um jantar, uma reunião para após, ou antes, da Voz do Brasil?
    Que menosprezo, falta de amor ao torrão. Tem muito para ser ouvido, por exemplo... Não me lembro, mas tem! 
    Bem, o caso é que tomei uma decisão para após a Voz do Brasil. Deitado em minha cama resolvi por ordem nas coisas. Olhei em volta e gritei; Coisas em ordem! Nem se mexeram. Com voz de sargento gritei novamente; Ordinárias, em ordem! Mamãe e minha irmã começaram a marchar lá na cozinha, mas as coisas não se mexeram.
     Eu estava decidido, precisava colocar o dedo na ferida. Coloquei, limpei o dedo no edredom, levantei-me e parti em busca de um modo de por as coisas em ordem. Pensei em levitação. Minha namorada, a magra, sabia das peripécias do espírito então liguei para ela e perguntei; Magra se eu levitasse? Ela disse que se eu lhe evitasse me matava. Após tudo o que passáramos juntos e justo agora que a menstruação não veio... Esqueci a levitação. 
     Pensei no poder da mente. Meu pai sempre dizia que eu era um cara demente, então era só desenvolver. Comprei livros e filmes, li e reli, vi e revi tudo. Afiei minha mente.
     Primeiro passo; Concentrei-me na imagem da Devassa, em segundos, sem as mãos mexi um objeto. O objeto moveu-se e ficou duro. Como eu era iniciante tive que usar uma das mãos para que o objeto voltasse ao normal. Foi rápido.
    Segundo passo; Concentrei-me na BOA da Antártica, o objeto moveu-se novamente.
    Terceiro passo; concentrei-me na Hebe Camargo, o objeto não se moveu mais.
    Como eu poderia então por ordem nas coisas? 
    Melhor aceitar que ninguém esta a fim desta tal de Voz do Brasil. Peço desculpas, foi um erro. É que o computador permite que eu cometa erros mais rapidamente que qualquer outra coisa, com as possíveis exceções do revólver e da cachaça.

MARCONI – 2002(11)

Nenhum comentário:

Postar um comentário